A sobrepesca põe em causa o equilíbrio da cadeia trófica marinha, pois causa um decréscimo das espécies comerciais e dos tamanhos maiores, havendo um aumento dos tamanhos menores de peixes e de medusas (predadas pelos peixes comerciais extintos) que se alimentam de zooplâncton herbívoros, sendo que estes diminuem tão significativamente que deixam de haver predadores suficientes para as microalgas marinhas, causando Blooms que poderão ser nocivos (Figura 1).
As HABs (Harmful Algae Blooms) (Figura 2 e 3.) são Blooms de microalgas nocivos ao ambiente e, consequentemente, à saúde humana, pois a algumas espécies de algas produzem substâncias tóxicas que acabam por entrar na cadeia alimentar através da sua absorção e acumulação em certos seres vivos, mas o número de espécies com esta capacidade é reduzido. A ingestão dos indivíduos contaminados prejudica mamíferos, moluscos, aves e todos os seus predadores.
Vários moluscos que costumamos consumir, como Mytilus edulis, o mexilhão comum,alimentam-se de HABs, ficando contaminados. Estes, se ingeridos por seres humanos podem causar paralisia, amnésia, diarreia e outros problemas graves, dependendo do tipo de organismo que libera as toxinas. Esses problemas são causados por intoxicação por moluscos paralisantes (PSP), intoxicação por moluscos amnésicos (ASP) e intoxicação por moluscos diarréicos (DSP), respectivamente.
O website https://www.ipma.pt/en/pescas/bivalves/index.jsp dá acesso às zonas de produção de marisco nas zonas costeiras de Portugal e o estado de toxicidade destas.
No entanto, existem Blooms de microalgas não nocivos e que, na realidade, são muito importantes para o ambiente, pois servem de alimento aos seus predadores, logo importantes para a actividade pesqueira e para a aquacultura; aumenta a taxa de fotossíntese realizada, logo maior concentração de oxigénio libertado para a atmosfera; etc.
Citando Eriksson, 2011: “Uma recapitulação dos dados disponíveis sobre águas marinhas europeias demonstra que o impacto socioeconómico total das proliferações de algas nocivas se traduz, no mínimo, em 850 milhões de euros por ano. Esta estimativa não inclui, todavia, todos os países da Europa nem abrange incidentes não relatados. A frequência da proliferação de algas intensificou-se com a eutrofização e, na Europa, os efeitos negativos da proliferação de algas nocivas têm aumentado significativamente desde a década de 1950.”
Bibliografia:
- BARBOSA, Ana (2016). Plâncton:Organismos e Processos-Padrões de distribuição do plâncton (Variabilidade Espacial). Universidade do Algarve.
- ERIKSSON, Britas Klemens (2011). PODE A SOBREPESCA FAVORECER A PROLIFERAÇÃO DE ALGAS? Direção-Geral das Políticas Internas da União. Departamento Temático B: POLÍTICAS ESTRUTURAIS E DE COESÃO-PESCAS. PDF disponível em: http://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/note/join/2011/474461/IPOL-PECH_NT(2011)474461_PT.pdf
- MOITA, Maria Teresa; PALMA, Ana Sofia & VILARINHO, Maria da Graça (2005). BLOOMS DE FITOPLÂNCTON NA COSTA PORTUGUESA. PDF disponível em: http://www.cienciaviva.pt/img/upload/BLOOMS%20DE%20FITOPL%C3%82NCTON%20NA%20COSTA%20PORTUGUESA.pdf
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